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26 de jun. de 2014

Moments. – Capítulo 9.


Os dias foram passando e os compromissos ficando cada vez maiores e necessitados de bastante atenção. Não imaginei que a universidade fosse tão puxada quanto eu estou presenciando agora. Eu mal tenho tempo de piscar os olhos ou respirar. Louis e os meninos estão de folga em Londres, mas eu e Emily sempre estamos com a cara dentro dos livros, lendo ou escrevendo algum artigo que nos foi mandado.

– Eu sinto a sua falta! – o amigo citado assim exclamou assim que atendi a ligação.

– Eu também. Eu realmente sinto muito por estar tão ocupada! – lamentei enquanto rabiscava figuras abstratas no caderno, que estava sobre o meu colo, ao lado do laptop e de milhões de apostilas.

– Os garotos também estão com saudades! Quando fica livre? – ele perguntou, usando seu melhor tom de criança perdida, fazendo-me sorrir como uma boba.

– Talvez em dois dias! – respondi sem muita segurança, mas sabendo que não teria como fugir deles, rindo abafadamente com isso.

– Podemos nos ver? – a alegria presente em sua voz encheu o meu coração, que suspirou por saber que  logo encontraremos o cara que é o motivo da minha insônia e sonhos doces.

– Claro! Mas agora preciso ir, tenho que terminar um roteiro. – falei vagarosamente, esperando sua risada, que indicava seu assentimento, para desligar.

Universidade em primeiro lugar. Universidade em primeiro lugar. Universidade em primeiro lugar. Preciso repetir isso todos os dias pra que eu não esqueça o principal motivo que me fez largar tudo na minha pequena cidade e vir pra Londres. Mas esse sentimento confuso por Louis me persegue dia e noite, me atormenta em intervalos não tão longos quanto eu desejo, tirando, vez ou outra, minha concentração nos meus afazeres. Encima da minha mesa tem todos os tipos de livros necessários pra esse roteiro que terei que escrever. Como jornalistas, o professor de literatura quer que nós escrevamos uma obra própria, pra que ele consiga fazer o intercâmbio de cursos. Ele juntará de algum jeito os dois melhores da sala, transformando-os em uma peça teatral, que será um trabalho para os alunos de teatro, obviamente. Tivemos duas semanas e por mais que eu tenha me dedicado insanamente à ele, não tenho certeza se está como eu quero. Estou ansiosa e nervosa pelo resultado. Essa minha mania de sempre querer ser a melhor me maltrata.
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– Emily, anda logo! Só temos quinze minutos! – a chamei novamente, olhando nervosamente para o relógio.

– Calma! É suficiente! – ela respondeu tranquila, bebendo vagarosamente seu suco.

– Odeio me atrasar, ainda mais pra essa aula. – observei os corredores se esvaziando, ficando ainda mais apreensiva.

– Se continuar assim, vai desmaiar antes de entregar esse roteiro. – ela disse em tom sério, me obrigando a ficar calada.

@SophiaMaryn – Odeio esse lance de competições! Não gosto de perder. Argh.

Postei em meu Twitter enquanto ela ainda se deliciava com seu café da manhã na sua já preferida lanchonete da universidade. Ela bebia seu suco tranquilamente e mordiscava o folheado como se tivéssemos todo o tempo do mundo para cumprir nossas obrigações. Meu estômago parecia mais uma roda gigante do que um orgão. Eu estava odiando o cheiro da comida, ficando ainda mais enjoada a cada segundo.

– Eu não consigo mais ficar aqui! Me encontre na sala! – falei, já me levantando, evitando estragos maiores.

– Passe no banheiro e certifique-se de que está bem! – minha amiga alterou o tom de sua voz pra que eu pudesse ouvi-la, já que estava longe o suficiente pra não sentir mais o cheiro da gordura das comidas.

Caminhei rapidamente até o banheiro e encarei meu reflexo pálido. Eu trabalhei muito nesse roteiro, e só saberei se ele será um dos escolhidos daqui há uma semana e meia, o que me deixa brava, já que tenho consciência de que ficarei sem paz até lá. Sempre que tem algum trabalho importante, me tranco no quarto e só saio quando tenho a mais absoluta certeza de que ele está ao meu gosto... tipo, perfeito aos meus olhos. Minha mania desde criança.

@Louis_Tomlinson – Calma é essencial, Sophia! Confio em você. X

Li após o meu celular apitar e indicar a nova menção. Um mero sorriso surgiu em meus lábios e o agradeci mentalmente pelo conforto, mas o odiei por confiar em mim, já que agora me sinto ainda mais pressionada a ganhar essa seleção. Caminhei em passos largos até a sala e assim que sentei o sinal tocou. Emily ainda não havia chegado, então coloquei meu caderno sobre a carteira ao lado para guardá-la.

– Obrigada! – ela disse sorrindo, me retirando dos poucos segundos de inferno particular.

– Se esse professor faltar, eu me mato! – afirmei, me obrigando a deixar meus dedos parados.

– Eu sei que você ganhar! – ela afirmou, sorrindo docemente e dando de ombros, abrindo seu caderno em seguida.

– Obrigada por tirar a pressão que estava sobre os meus ombros! Louis e você são os melhores nisso. – ironizei sem humor.

Poucos minutos atrasado, mas chegou. Nosso professor de Literatura, Mrs. Connor, é excelente. Apesar de novo, ele é um grande profissional, ao menos ao meu ver. Digamos que ele seja atraente, muito atraente. E também deixa suas aulas com um ar descontraído, tornando-a uma das minhas favoritas. Acho que esse lance jovial dele torna tudo mais fácil e prático, já que ele não é tão antiquado, nem mais velho que nós.

– Os trabalhos ficam aqui na minha mesa, pessoal! – ele avisou assim que o sinal foi parando de tocar, arrumando os papéis que estavam sobre sua mesa.

– Finalmente! – exclamei baixo, mais pra mim do que pra qualquer outra pessoa, quando deixei meu roteiro sobre os outros.

– Estou ansioso para lê-lo! Eu acho que não ficarei surpreso se estiver incrível. – ele afirmou enquanto eu me distanciava, me fazendo olhá-lo novamente e sorrir envergonhadamente.

– Espero que goste! Me esforcei bastante pra que saísse perfeito! – exclamei receosamente, recebendo seu sorriso, dando-lhe as costas novamente.

Busquei por meu celular ao senti-lo tremer. Emily logo apareceu, ficando ao meu lado, rindo de algo. Não me importei em perguntar o motivo das risadas, mas ela quis revelar mesmo assim, me assustando.

– Hum! Um professor a fim de uma aluna. Isso é certo? 

– Não seja ridícula! – a repreendi imediatamente, olhando para os lados para me certificar de que ninguém ouviu o absurdo dito por essa menina sem juízo.

– Eu marquei essa noite com os garotos. – ela comentou, mudando radicalmente de assunto, para o meu alívio, observando as próprias unhas.

– Hoje? Emily... – parei no meio do corredor para olhá-la seriamente, suspirando profundamente.

– Qual é? Tem duas semanas que não nos vemos. Chega de estudar! – ela indagou chateada, me vencendo com apenas um olhar de cachorro sem dono.

– Eu quero descansar. Por Deus, não sei o que é dormir há dias. – choraminguei.

– Sophia, você vai continuar sem dormir até sair o resultado e nós sabemos disso. – ela afirmou, olhando fundo nos meus olhos, assim fazendo-me suspirar derrotadamente.

– Só me deixe saber a hora que eles chegarão! – falei por fim, recebendo um abraço apertado dela, que me sufocou por alguns eternos segundos.

@NiallOfficial – Finalmente irei rever minhas garotas. Noite dos amigos. X

Observei o tweet de Niall e fiquei feliz, mesmo que muito cansada para recebê-los como merecem. Como todos os dias, pegamos o metrô e fomos para casa. Nosso apartamento não fica longe, mas há uma distância considerável. Eu nem mesmo fui andando um dia ou outro, embora devesse. Emily já foi espalhando suas coisas por toda a sala assim que chegamos, não se importando com a minha organização, muito menos com as visitas que chegariam. Eu tive que juntar e guardar tudo sozinha, já que ela estava ocupada demais comendo e lendo sua revista.

– Eu vou subir! Me chame quando eles chegarem! – berrei já do fim do corredor, esperando sua resposta para entrar de vez no meu quarto.

– Como quiser! – ela disse da sala, sem me dar muita importância.

Um banho quente e demorado. Eu precisava mesmo de uma ducha para descansar meus músculos, que há muitos dias não sabem o que é isso. Um ar totalmente calmo pairou sobre mim. Meu corpo implorava por uma cama e eu nem mesmo pude recusar. Caminhei de forma quase involuntária para a mesma e acabei adormecendo de roupão, recém saída do banho.

– Sophia! Ei, eles chegaram! – Emily dizia enquanto eu a ouvia de longe, pressionando meus olhos e virando-me para o outro lado, ficando de frente pra parede.

– Hum! – murmurei sem dar à ela muita atenção.

– Se não levantar agora, os trarei aqui pra vê-la só de toalha! – ela ameaçou de forma suja, cutucando minha cintura, logo tentando roubar do meu corpo o cobertor.

– Faça companhia pra eles. Não sei em quanto tempo, mas juro que irei lá! – garanti de forma sonolenta, fazendo um grande esforço pra sentar-me na cama.

– No máximo 15 minutos! – ela ordenou, batendo de leve na cama, me deixando sozinha segundos depois.

Busquei por meu telefone no meio das cobertas e, forçando minha visão, entrei no Twitter. 

SophiaMaryn – Saudade do seu colo, mamãe. @AshleyMaryn.

Me contorci preguiçosamente no meio das cobertas, tentando expulsar todo o cansaço que havia se instalado em mim. Cambaleando, fui até a janela e abri as cortinas, observando a noite estrelada. Tomei banho de novo, agora rápido, e coloquei um pijama. Lentamente fui caminhando pelo corredor e aparecendo na sala. Liam foi o primeiro a me ver, retirando a almofada do seu colo para levantar e vir me receber.

– Olha só quem apareceu! – ele logo disse, anunciando à todos a minha aparição, abraçando-me cuidadosamente.

– Olá! – murmurei para todos, por cima do ombro dele, que sorriu atrás de mim.

– Sinto que você não nos queria aqui! – ele brincou, arrancando risada de todos, incluindo uma completamente desconcertada minha.

– Só estou cansada demais pra receber vocês direito, mas eu vou tentar. – falei vagarosamente enquanto sentava sobre minhas pernas na poltrona e me aconchegava a manta que estava lá.

– Não quer jantar? – Em perguntou, surgindo na sala segundos depois.

– Não agora. – recusei a oferta, esfregando os olhos e sorrindo pra Louis, que me olhava fazendo o mesmo.

– Nós trouxemos filmes. Deite-se comigo! – ele me chamou, gesticulando com a mão, dando dois tapinhas no lugar vago ao seu lado em seguida.

Cambaleando, fui até ele. Me recostei em seu peito, sentindo a pulsação de seu coração firmemente. Niall deu play no filme e deitou-se no carpete à nossa frente. Eu, por minha vez, me obrigava a ficar acordada, porém meus olhos pesavam mais do que deveriam. Eu já não conseguia mais me atentar a nada, queria somente dormir, por mais incrível que aquilo fosse. O colo de Louis tem algo especial, não há outra explicação. Nem mesmo quando deitei lá encima o sono foi tão atraente assim.

– Não precisa ficar acordada! Pode dormir! – ele disse após uma pausa em sua respiração, a soltando levemente enquanto afagava meus cabelos.

– Leu meus pensamentos? – brinquei em tom baixo, me ajeitando em seus braços.

– Sou seu melhor amigo! – ele exclamou, rindo sem muito humor.

– Obrigada! – apertei o pano de sua blusa em meus dedos, fechando os olhos em seguida.

Eu o agradeci por me entender. Eu vivo constantemente em um inferno particular por causa dos meus sentimentos. É tudo confuso, fora do comum, complicado. Ele é uma personalidade da mídia, um cantor que chama atenção em todos os lugares que vai, e eu sou apenas uma estudante. Não que isso importe ou atrapalhe algo, mas é um fato a ser considerado caso entremos em um relacionamento, seja ele qual for. Quando resolvemos, de fato, assumir nossa amizade, houve uma conversa. Querendo ou não, eu seria uma peça importante pra quem quisesse afetá-lo. E isso me deixou mais popular do que eu jamais pude imaginar. 

– Hum! – murmurei ao abrir meus olhos e encontrei os de Louis abrindo-se também.

– Hey! – ele sorriu.

– Onde estão todos? – perguntei confusa, notando o vazio e silêncio da sala.

– Foram à uma boate. Não quis acordá-la e fiquei pra não te deixar sozinha. – ele explicou, se recompondo, arrumando com os dedos os cabelos, que acabaram ficando ainda mais desgrenhados, o que me fez rir.

– Não precisava fazer isso, Lou, sério! Mas...obrigada ! – dei meu melhor sorriso à ele, deixando um beijo em sua bochecha antes de ir até a cozinha.

– Imagina! Eu nem mesmo queria ir. – ele disse ao mesmo tempo em que caminhava até mim.

Comemos os fast-foods que sobraram, já frios. Lembramos de algumas coisas da nossa infância e um ar nostálgico pairou sobre nós. Inesperadamente me encontrei perdida nos olhos dele, que retribuía com intensidade. Eu podia enxergar toda a alma do jovem garoto à minha frente, o que me dava a chance de ver também cada gota de sentimento que regava seu coração.

– Me desculpe! – me levantei rapidamente do balcão, onde estava de frente pra ele, agora ficando de costas enquanto apoiava as mãos na pia.

– Se eu souber o por quê! – ele riu fraco, levantando-se e em passos leves chegando até mim e apoiando suas mãos nos meus ombros, deixando sua respiração quente próxima o suficiente pra me fazer estremecer.

– Por ser tão complicada e não poder te corresponder de forma fácil, clara e normal. – declarei sem delongas, suspirando profundamente e pressionando os olhos com força.

– Não seja boba! Nós temos muito tempo pela frente. – ele riu devagar e baixo perto do meu pescoço, soprando de leve o mesmo, e beijou meu ombro com carinho e tranquilidade.

– Eu queria poder dizer abertamente o que meu coração grita, mas é muito confuso. Eu não consigo entender. – desabafei de uma vez, sentindo meu pulso vibrar contra os meus batimentos ainda mais quando ele virou meu corpo e nos deixou cara a cara.

– Sophia, essas coisas nunca são fáceis. Elas são confusas, loucas e inesperadas. É normal. Só deixe que o tempo diga o melhor a se fazer! Não tenho pressa! – ele falou de forma doce, como se tentasse me confortar, me envolvendo em seus braços.

– Sempre soube você que era incrível. Eu adoraria viver com você o resto da minha vida. – falei sem muito pensar, não me arrependendo, para a minha surpresa, fazendo-o rir, o que me fez rir também.

– Nós vamos casar, Sophia. Teremos três filhos e um cachorro chamado Spike. – ele disse divertido, descontraindo o ar, voltando a se sentar, mas agora literalmente encima do balcão.

– Floe, Alison e Dean! E, me diz, não tinha um nome menos clichê pro cachorro não? – continuei a brincadeira, enquanto lavava as louças e ouvia a sua risada.

– Elas duas estudarão em colégios internos somente pra meninas. Ele será um tremendo pegador! E não, não tinha. Eu quero Spike. – ele rosnou a primeira frase, riu na segunda e berrou na terceira, pigarreando para chamar a minha atenção pra eu perceber que ele estava fazendo um bico adorável.

– Louis, deixa de ser idiota. Para de fazer bico! E ele será um príncipe e elas serão princesas. 

Dessa vez eu fiz o mesmo que ele, me armando de um bico ainda mais adorável para ganhar a discussão, logo jogando nele a almofada que estava em meu colo, percebendo que não obtive sucesso. Ele sempre conseguiu me  fazer rir e isso parece ser pra sempre, porque ele nunca deixa de se esforçar.

– Isso é o que iremos ver! – ele fez uma careta desafiadora, arrancando uma gargalhada minha. 

– Se isso não for muito estranho, vamos dormir lá no meu quarto? – o chamei, franzindo o nariz e rindo alto logo depois ao ver sua expressão teatralmente surpresa.

– Eu não esperava um convite desse tipo vindo de você. O que está acontecendo com o mundo? –  ele debochou de forma idiota, colocando a mão no peito pra concluir sua cena ridícula, que me fez rir por longos segundos.

– Cala a boca e vem logo, imbecil! 

Bati em suas costas quando passei por ele, que deu um pulo do sofá e me abraçou pelas costas. Eu deitei de um lado e ele de outro, afastado demais, o que me fez rir. Estávamos virados para lados opostos e o silêncio tomou conta da situação. Os outros certamente só chegariam pela manhã, então achei melhor que viéssemos pra cá. Minha cama é bem mais cômoda que o sofá, convenhamos. E não há nada demais nisso, ainda somos apenas melhores amigos. Pedro e eu fazíamos isso o tempo todo, por isso acho que é completamente normal. Porém com Louis há a possibilidade de um romance, sendo assim, isso pode ser visto como algo ruim ou estranho, mas nós temos total naturalidade quanto a isso. E antes que nós adormecêssemos, ou pelo menos eu adormecesse, ele me abraçou de lado, e sua voz deu vida a uma frase que arrepiou o meu corpo inteiro e me fez sorrir como uma idiota apaixonada.

Não importa o que aconteça, não importa se sejamos só amigos pelo resto da vida, você sempre será minha e eu sempre serei seu.  

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