O dia de ir pra Londres havia chegado. Estávamos no aeroporto há pouco mais de uma hora. Minha mãe, Pedro, e os pais de Emily aguardavam a chamada do voo junto com nós duas. O medo era óbvio e a dor de deixar minha mãe era ainda mais evidente, contudo tivemos uma conversa franca e sincera. Minha tia, irmã dela, viria morar em Bournermouth e ficaria em nossa casa, fazendo companhia nesses anos em que estarei longe, me deixando bem mais aliviada. Sem contar que Pedro também cuidaria dela por mim.
– Quero que ligue todos os dias e não me deixe sem notícias. – minha mãe disse.
– Claro, mãe. Eu sempre vou te ligar. – afirmei.
– Eu amo você. – ela disse e eu a abracei.
– Fica bem. Eu cuido dela, prometo. – Pedro disse e cruzou dois dedos, os beijando.
– Vou sentir muita a sua falta. – o abracei e molhei sua camiseta com algumas lágrimas.
– É a realização do seu sonho, se concentra nisso, não chora. E cuida da Emily, por favor.
– Já? Temos que ir. – Emily parou ao meu lado e segurou minha mão.
– Temos que ir. Amo vocês! – deixei as ultimas lagrimas escorrerem.
– Sentiremos saudades!! – Emily exclamou chorosa.
– Tudo fica bem quando termina bem. – falei antes de entrar na sala de embarque.
Entramos na sala e um dos funcionários pediu que todos os passageiros esperassem para serem chamados ao avião. Ela deitou a cabeça no meu ombro e eu apoiei minha cabeça na dela.
– Você acha que vai ficar tudo bem mesmo? – ela choramingou insegurança pela primeira vez desde que recebemos a carta.
– Claro que vai. Você vai ver.
Lembrei que Louis havia pedido que eu avisasse quando estivesse perto de embarcar. Puxei o celular do bolso da calça e comecei a digitar uma mensagem avisando.
Sala de embarque.
Estou chegando.
Sophia Maryn X
Esperei por alguns poucos segundos e então meu celular vibrou.
Londres e eu esperamos ansiosos.
Quero te ver logo.
Louis X
Mordi o lábio e deixei escapar um sorriso antes de respondê-lo.
Falo com você em uma hora.
Já nos chamaram.
Sophia X
Cutuquei Emily, que parecia cochilar ou chorar calada, e me ajeitei na cadeira. O segurança nos mandou ir até o corredor e em seguida chegaríamos ao avião. Peguei meu café e celular e levantei antes dela. Caminhamos abraçadas até lá. Nos acomodamos em nossos devidos lugares e por sorte pude ir na janela, ela no corredor e ninguém entre nós duas.
– Não tem mais como desistir. – ela suspirou.
– Mesmo que tivesse, nós não iríamos, certo? – ergui meu olhar até o dela.
– Certo.
– Se importa se eu... – ergui os fones de ouvido e o celular.
– Claro que não. Eu vou fazer o mesmo.
Fiz uma playlist especial para a viagem e inclui todas as músicas que me acompanharam durante meus dias de angústia e feliciade. Encontrei algumas músicas bem interessantes da banda de Louis, super adoráveis, meigas e melancólicas do jeito que eu adoro. Impossível não colocar a linda Kelly Clarkson, que descreve minha vida como nem eu mesma poderia. Juntei a alguns outros cantores e bandas que escolhi pra serem trilha sonora da minha viagem.
Continuei a cantalorar minhas músicas e vez ou outra sorria por nada. Emily havia adormecido ao meu lado poucos minutos depois que o avião decolou. Meu pensamento se encaminhou até Louis e então algo pra me distrair. Meu estômago imediatamente embrulhou quando lembrei do nosso beijo. Evidente que algumas coisas estranhas estão acontecendo comigo em relação a ele, mas nada que eu possa definir. São só coisas estranhas que eu nunca senti antes.
"Senhores passageiros, por favor, apertem seus cintos. Nós iremos pousar." – a aeromoça informou com a sua habitual voz sexy e imediatamente milhões de travas fizeram um "cloc" juntos. Me ajeitei na poltrona e logo comecei a acordar Emily, que vagarosamente foi abrindo seus olhos azuis.
– Obrigada por não demorar. – eu ri.
– Eu quero cama. – choramingou enquanto arrumava os longos cabelos.
– Eu preciso de um café primeiro. – ergui meu copo vazio.
– Sophia, eu quero dormir.
– E eu não consigo fazer isso, então eu quero um café.
– Chantagem? É sério?
– É uma das minhas qualidades especiais.
Sentimos o frio na barriga e enfim aterrizamos. Minha mente deu um pane pequeno quando notei que eu realmente estava há milhas de casa, totalmente desprotegida, tendo agora que descobrir tudo sozinha. Engoli em seco e Emily acenou positivamente com a cabeça, me incentivando a levantar. Peguei minhas coisas e seguimos o corredor pra onde nos mandaram.
...
– Oi, você poderia nos levar a um café? – pedi gentilmente a um taxista.
– Claro!
– Tem algum perto desse endereço? – timidamente ele me olhou, rindo um pouco rouco.
– Tem sim, querida! Vamos!
Não demoramos a chegar ao café e pedi que ele nos esperasse. Não seria normal entrar em um lugar assim com milhões de malas. Várias garotas estavam na porta, gritando, chorando, e se batendo contra o vidro e um segurança tentava acalmá-las. Pedi licença e disse à ele que só queria um café, explicando que tinha acabado de chegar de viagem. Ele nos deu passagem e imediatamente fomos jogadas pra dentro da cafeteria. Um garoto de cabelos desgrenhados sentado de costas me chamou atenção, achei que o conhecia. Encarei ele e seus amigos, que estavam de cabeça baixa, por alguns segundos, mas logo fui pro balcão. Fizemos nossos pedidos e a simpática atendente fez um comentário engraçado sobre o tipo de gente que visita o estabelecimento e eu gargalhei alto sem querer, me repreendendo mentalmente por isso em seguida. Apoiei os cotovelos na bancada e fiquei batendo o pé no chão. Senti alguns passos se aproximando e engoli em seco antes de me virar pra saber quem havia parado atrás de mim.
– SOPHIA! Eu sabia que era você. – Louis gritou e me abraçou de uma maneira não tão delicada e fraca.
– Louis... Louis... Por favor. – apoiei minhas mãos contra seu peito, o empurrando devagar, diminuindo sua força contra mim.
– Ouvi sua gargalhada e tinha certeza que era você. – ele riu.
– Nós só passamos pra comprar um café, acabamos de chegar. – apontei pra Emily, que rodava o canudo nos dedos demonstrando desgosto.
– Olá, Emily. Tudo bem? – educadamente perguntou e ela sorriu de lábios grudados.
– Tudo bem, Louis, e com você? – contrariadamente perguntou ao ver meu olhar desesperado por uma resposta educada.
– Essas lágrimas e gritaria são por sua causa? – estreitei os olhos, meio atônita com a observação.
– Por nossa causa. - apontou para os amigos, que estavam sorrindo.
– Não acredito, eles estão aqui. – Emily falou assustada.
– São eles? – perguntei e ele assentiu, então acenei de leve, envergonhada.
– Eles são legais. Vamos lá, quero apresentar vocês à eles.
– O QUÊ? – gritou um pouco e eu me assustei de leve.
Ele riu e segurou meu pulso, da mesma forma que fez no aniversário de Pedro. Fui arrastada até lá e a vergonha havia tomado conta de cada célula do meu corpo.
– Gente, essa é a Sophia, minha amiga de infância, e essa é a Emily, melhor amiga dela. – apontou respectivamente.
– É um prazer conhecê-los. – falei rapidamente.
– Hum, é... Fico feliz de conhecê-los, é um prazer, mesmo! – Emily disse após sair do transe.
Ela tava olhando completamente abobada pra eles. Minha melhor amiga se tornou uma fã beeeeeeem dedicada à eles. Nunca tive contato direto com os meninos e ela têm me odiado bastante por isso. Não sei como aconteceu, mas ele se tornou uma grande admiradora deles. E isso resulta na sua falta de ar e sanidade nesse momento. Meu braço estava ficando vermelho de tanta pressão que ela estava fazendo nele com os dedos. Tive que me soltar e ri desconfiada.
– Senhorita, seu pedido. – a atendente me avisou, já que eu não havia pegado.
– Nós precisamos ir. Foi bom te encontrar, Lou. E conhecer vocês também. – falei.
– Nós levamos vocês em casa. Fiquem mais! – Niall sugeriu.
– Não, não. O taxista está esperando. E é melhor não... – me virei e olhei o mar de meninas do lado de fora e voltei a encará-los sorrindo. – Não é uma boa ideia.
– Eu passo lá depois, então. Me manda o endereço por mensagem, pode ser? – Louis disse.
– Claro. Emily? Emily, querida, nós temos que ir. – a sacudi de leve e ela corou.
– Foi ótimo conhecer vocês. Espero revê-los logo. – me assustei com o que ela havia dito e sussurrei um desajeitado "Emily."
– Até mais. – acenei com a mão e me virei, brigando com ela por sussurros.
Continuaa :)
ResponderExcluirXx Karol