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31 de mar. de 2014

Moments – Capítulo 1.



O dia de sábado amanheceu mais belo se comparado ao da semana passada. O sol brilhante e chamativo, como de costume. Os pássaros voando e cantando alegremente, pude ver e ouvir da minha janela. Dia de verão em cidade litorânea sempre tão lindo. Você já acorda com uma visão deslumbrante, que já te deixa de ótimo humor. Morar em cidade pequena e praiana não fazia parte dos meus planos quando criança, mas se tornou uma das melhores escolhas que eu já fiz. Minha mãe me mostrou 3 cidades em que ela tinha oportunidades em seu trabalho e pediu que eu decidisse onde iríamos viver pelos próximos anos, então escolhi Bournemouth.

– Bom dia, mãe! – exclamei ao beijar seu rosto, sentando-me em seguida no balcão ao seu lado.

– Bom dia, meu amor! – ela desejou, virando na minha direção com um sorriso estonteante e pidão.

– O que você quer? – perguntei após 10 motivos para aquele sorriso terem passado na minha cabeça.

– Preciso de você essa noite. – ela juntou as mãos em sinal de imploração.

– Mas mãe... – tentei questionar, como sempre faço, mas fui interrompida.

– Filha! Sabemos que só te chamo em último caso. Por favor! – tratou de jogar fora qualquer possibilidade de eu ainda questionar, já que me lançou um olhar implorativo.

– MANHÊ, PARA! – ordenei, dando de dedo na direção dela, em meio a risadas.

– Por favor! – ela riu.

– Tudo bem, tudo bem... – concordei, rindo.

– Esteja pronta às 20h. Oito horas em ponto. – ela ordenou, dando de dedo na minha cara, que fiz careta.

– Se não tenho outra opção! – resmunguei em tom de brincadeira, recebendo um tapa no braço.

Minha família – eu e minha mãe – temos uma empresa de organização de eventos. O que inclui desde a decoração até o buffet. Minha mãe é uma ótima cozinheira e é ela quem faz toda a comida pedida, independente da quantidade, com os seus ajudantes. Nossa empresa é a mais bem requisitada da cidade, nos dando assim uma instabilidade financeira confortável.

Ligação on –
- Como assim você não vai? – Emily, minha melhor amiga, perguntou, após eu contar que não irei pra festa do Pedro.

– Minha mãe pediu ajuda com cara de cachorrinho triste. O que ela não me pede chorando que eu não faço sorrindo? – brinquei, a fazendo rir levemente e concordar.

– Eu sei, mas o Pedro vai odiar você pra sempre. – comentou, por ser a festa de aniversário dele, nosso melhor amigo.

– Ele supera e eu também! – disse aos risos, tentando acreditar nisso.

– Tudo bem. Nos falamos mais tarde?

– Claro! Amo você, até mais. – desliguei a chamada.
Ligação off –

Pedro com certeza vai me odiar no primeiro momento, mas vai superar. As festas dele são sempre as melhores do ano e ficam na história de quem vai. Todos se matam por um convite, até quem odeia festas. Lindo, rico, popular, humilde e amigo, todas as meninas se jogam aos pés dele. O trio mais cobiçado do colégio é constituído por nós três: Emily Mattioni, Pedro Wegmann e, eu, Sophia Lancaster. Como é dito na rádio corredor: O topo da elite. Onde todos se matam pra chegar. Título fútil e ridículo, pra mim.

– Estou indo pro banho! – gritei quando minha mãe passou pelo corredor.

Encarei meu closet e pensei no que vestir. Optei por uma calça jeans, minha peça inseparável, a blusa da empresa e uma sapatilha preta com o bico dourado. Lavei os cabelos e me perdi em alguns pensamentos aleatórios enquanto cantava uma música qualquer. Sequei os cabelos, deixando enrolado nas pontas. Se existe uma coisa, pra mim, que não pode faltar é a maquiagem. Na minha visão, ela precisa sempre estar impecável e bem feita.

– Sophia, eu disse às 20h, não foi? Cinco minutos, apenas. – mamãe disse ao entrar no meu quarto e me encontrar ainda na penteadeira.

Desci as escadas correndo e não encontrei minha mãe na sala. Segui até a garagem e ri ao encontrá-la já com o carro funcionando.

– Fico feliz em saber que você sabe o que são cinco minutos. – ironizou minha pontualidade inexistente, me fazendo rir.

– Engraçadinha. – eu disse, debochada, arrancando um sorriso dela.

Perdi minha atenção no celular e, quando notei, já estávamos estacionando o carro novamente. Ergui o olhar até a esplendorosa casa e instantaneamente enrijeci no banco. Meu coração deu cambalhotas no peito e lembranças invadiram minha cabeça. Repentinamente mudei minha expressão, que logo foi percebida por minha mãe.

– Chegamos, querida! – exclamou sorridente, direcionando o olhar a mim, que se tornou confuso.

– Eu tô bem! Vamos? – a chamei, descendo rapidamente do carro, tirando o foco da minha mudança.

Encarei a enorme mansão que eu já conhecia há tanto tempo. Meu estômago embrulhou e o equilíbrio sumiu ao estar tão perto das minhas lembranças de infância. Mansão dos Tomlinson. Quanto tempo! Segui minha mãe e já encontramos a casa na mais perfeita ordem. Encontrei os mesmos detalhes de 8 anos atrás, como se nada ali tivesse sido tirado do lugar. O toque delicado e elegante da casa, que chamou a minha atenção aos 9 anos de idade, continuava ali. Parei ao lado de uma estante que eu me recordava e continuei lembrando.

– Então você pode me ajudar agora? – minha mãe pediu, virando meu rosto pra ela.

– Claro! – concordei e passei um braço por cima de seus ombros, seguindo até a cozinha.

Os garçons já entravam e saiam da enorme e iluminada cozinha a todo segundo, levando as comidas e decorações até a área externa. Sentei-me no balcão e recebi de minha mãe o radio, que me deixava conversar com qualquer pessoa da equipe, sem que precisasse ir até eles, facilitando todo o monitoramento. Os encaixei de forma correta no corpo e novamente imergi nos pensamentos, esperando por qualquer coisa ali. Não notei o exato momento em que a festa lá fora começou, me assustando ao ser cutucada por minha mãe.

– Filha, pode ir lá pra fora já! – informou, me fazendo corar por ainda estar lá dentro.

– Mãe, eu preciso ficar ao seu lado? – perguntei, mexendo no fone de ouvido e ela negou.

Fiz o que ela mandou e comecei a monitorar todos. Caminhei pelas laterais do grande jardim, imergida em pensamentos. Essa casa me traz enormes lembranças. Um ano após a minha chegada aqui, uma família bem sucedida se mudou também. A mãe, o pai, e os 7 filhos. Eu conheci o garoto mais velho. Sim, ele é a minha lembrança. Eu tinha 8 anos e ele 10. O conheci no parque que ainda existe há duas ruas daqui. Mantemos sempre em segredo essa amizade por medo de algo que nem sabíamos na época. Ele era o irmão que meus pais não me deram, meu melhor amigo. Compartilhávamos tudo. Mas dois anos após sua chegada, ele precisou ir embora novamente. E então tudo acabou, não pude fazer ou dizer nada. Ele só se foi. E por diversas vezes eu vim nessa casa, e como duas boas crianças, nunca fui notada, sempre entrei escondida. Mas como já disse, acabou. Eu nunca mais tive notícias dele ou da família.

– Pierre, mesa 7. – disse pelo microfone preso ao meu corpo.

Fitei algumas mesas e dei mais algumas indicações aos garçons. Continuei andando por tudo ali e encarando cada mínimo pedaço de chão, que me trazia alguma lembrança. Entrei em uma parte mais escura do jardim e parei, já cansada de andar em círculos e sentir as palpitações aceleradas de tanta nostalgia. Continuei fitando as pessoas e o quanto elas estavam felizes e sorridentes. Seja lá qual obra eles vão beneficiar, eles serão grandemente beneficiados. Continuei encostada na árvore, até que fui tomada por um susto.

– Perdida? – uma voz perguntou, fazendo-me virar rapidamente, quase sobressaltando.

– Não. – neguei, tentando encarar os olhos do garoto, o que não foi possível.

Eu e minha mania de olho no olho.

– Você não deveria está trabalhando? – perguntou, saindo da escuridão, olhando meu broche com o nome da empresa com uma sobrancelha arqueada.

– E você não deveria cuidar da sua vida? – indaguei sem pensar, secamente.

– E você não deveria tratar bem o dono da festa? – continuou, agora me encarando, tomando um gole de sua bebida laranja.

– E você não deveria parar de encher meu saco? – respondi com grosseria, virando-me de costas e saindo, o deixando sozinho.

Andei por mais alguns metros e me repreendi por ter sido grossa com o "dono da festa". Minha mãe me mataria se soubesse das respostas que direcionei à ele. Vi alguns músicos e uma cantora subirem ao palco que estava montado no centro do jardim e fui tentada a prestar atenção ao ouvir a música que começou. Logo meus ouvidos foram invadidos por várias músicas atuais, o que me surpreendeu.

– Gostando? – a mesma voz perguntou, me fazendo respirar fundo.

– Não interessa! – resmunguei.

– Eu só fiz uma pergunta, garota! – disse, fazendo algo em mim despertar a vontade de me desculpar.

– Me desculpe! – pedi, agora encarando seu olhar, um tanto quanto conhecido.

– Vou me lembrar de contratar garçonetes mais educadas pra próxima festa. – disse com indiferença junto à um sorriso maldito no rosto.

– Me deixa em paz. – disse e dei as costas novamente.

Caminhei pra longe e comecei a procurar por minha mãe. Falei rapidamente com ela e disse que iria entrar na casa por alguns minutos. Segui até a porta de entrada, que me levaria a enorme sala. Quando coloquei a mão na maçaneta, ela foi girada, mas não por mim. Uma mulher bonita e elegante abriu a porta, me encarando com um lindo sorriso.

– Sophia? Sophia Lancaster? – ela perguntou com uma expressão de surpresa.

– Eu mesma. – respondi, sorrindo.

– Sou Johannah Darling, muito prazer! Eu contratei vocês. – ela explicou.

– Ah! É um prazer conhecê-la. – estendi a mão, que ela logo apertou.

– O prazer é todo meu, querida! Já conheceu meu filho? – perguntou ao me encontrar olhando o garoto de alguns minutos atrás.

– Ah! Não, não. Não o conheci! – a respondi, torcendo pra não ser o mesmo.

– Querido, venha aqui! – ela o chamou e ele veio caminhando sorrateiramente até nós.

– Fala sério! – falei o que havia pensado.

– Diga, mamãe! – ele exclamou ao chegar, me fazendo revirar os olhos.

– Essa é Sophia Lancaster, a filha da organizadora da festa. – me apresentou à ele e eu forcei um sorriso.

– Nós já nos conhecemos, mas, mesmo assim, muito prazer, Sophia! – ele disse e ela arregalou levemente os olhos.

– Mas ela dis... – ela ia questionar, mas eu a interrompi.

– Eu não sabia que era seu filho! – falei e ela acenou com a cabeça e saiu.

– Você tenta se afastar de mim, mas não consegue. – ele disse, tomando mais um gole de sua bebida, recebendo meu olhar indiferente.

Girei a maçaneta e adentrei a iluminada sala, sentindo os seus passos atrás de mim e seu olhar pesar sobre minhas costas.

– Você não mudou, Sophia. – ele disse e eu pude sentir sua respiração próxima de mim.

– O que? Olha aqui, você nã... – alterei um pouco o tom da voz, erguendo o dedo.

– Educada e alegre, mas categórica quando precisa. – exclamou com um sorriso ridiculamente encantador no rosto, me causando calafrios.

– Você não sabe do que está falando, garoto! Você nem me conhece. – joguei as palavras contra ele, que riu indiferente.

– Eu não afirmaria isso! – disse com convicção, mantendo o sorriso.

– Olha, me deixa em paz! – exclamei em tom de pedido, o fazendo sorrir e se sentar.

– Você não está me reconhecendo mesmo? – perguntou aos risos, causando uma reviravolta dentro de mim.

– Eu não te conheço! – afirmei, incerta...

Continua...

2 comentários:

  1. a fic é com meu boy favorito<3
    sou Louis girl :)
    Continuaa ta perfeito!!
    Xx Karol

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