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13 de abr. de 2014

Moments – Capítulo 4.


Muitos meses se passaram e muitas coisas mudaram. Um ano passou na frente dos meus olhos e eu nem mesmo pude perceber tudo que chegou e se foi. Minha cabeça esteve e ainda está a mil, cheia de preocupações e angústias. O colégio havia terminado há alguns meses e adiei minha ida pra Universidade por mais um tempo, porém era a hora de encarar de frente essa realidade. É hora de crescer e por mais apavorante que isso seja, eu preciso, de fato, aceitar. O segundo semestre do ano havia se iniciado e as minhas cartas de admissão ainda não haviam voltado com a resposta, e isso é o fim pra quem não consegue manter a cabeça focada em outras coisas. Toda essa angústia e aflição me deixa frágil e completamente vulnerável.

– Filha? Seu notebook está lá embaixo e Louis estava ligando no skype. – minha mãe avisou.

– Eu ligo pra ele depois. – afirmei sem dar muita importância a ela.

Fomos avisados por meio dos representantes da Universidade que as cartas estavam prestes a chegar e isso passou a reinar na minha mente. Nada mais importa ou merece minha atenção. Eu só não consigo mais fazer nada. E isso torna meus contatos sociais mínimos. Quanto ao Louis, bom, ele está onde deve está. Não ganhou o X-Factor, mas Simon Cowell juntou ele e mais quatro garotos em uma boyband, que recebeu o nome de 'One Direction'. Nós mantivemos contato e ele me encorajou a enviar minha carta de inscrição pra University Of The Arts London. Eu não pude acompanhar de perto o quão grande ele foi ficando ao passar dos meses e nem o quão famoso mundialmente ficou. Consigo ver algumas coisas ali e outras aqui, e quando ele tem espaço na agenda gigante e lotada, me conta algo por vídeo chamada. O sucesso deles veio de forma rápida e então ganharam milhares de corações desse mundo. Depois de enviar todas as minhas cartas de inscrição para as Universidades que escolhi, mergulhei no trabalho com a minha mãe, afim de não ficar louca enquanto esperava, então nosso contato ficou menor ainda.

– Como está se sentindo?  – minha mãe sentou-se ao meu lado.

– Sinceramente? Essa aflição vai me enlouquecer. – lamentei.

– Já avisei que tudo dará certo, não adianta tentar apressar as coisas. Elas vêm quando devem vir. – ela aconselhou.

– É difícil saber que seu futuro está nas mãos de outras pessoas.

– Seu futuro está apenas nas suas mãos, você decide como ele será. – ela corrigiu.

– Eu vou conseguir ficar sozinha em qualquer outra cidade pra onde eu vá? – perguntei.

– Tenho certeza. Eu criei você pra isso. – ela beijou minha testa e se retirou.

Emily decidiu que iria enviar carta pra Universidade de Londres também e, nem tão inesperado, pro mesmo curso. Não preciso nem comentar a minha alegria diante disso. Só de imaginar que talvez eu não vá ter a minha mãe por perto é uma tortura, mas saber que Emily poderá estar junto comigo é reconfortante, muito reconfortante. Porém não é uma certeza que as duas irão passar ou pelo menos uma, então a angústia não abandona meu peito. E também estou assim por conta da ida de Ian pra outro país. Nosso relacionamento chegou ao fim e eu tive de superar isso, mas, de algum jeito, foi mais rápido que das outras vezes. Ele foi aceito em uma Universidade dos Estados Unidos. Portanto, encaramos os fatos e terminamos de uma forma extremamente madura e amigável. Nada de traição nem brigas, apenas circunstâncias. E, sim, contei sobre o beijo que Louis me deu e ele não me repreendeu ou me odiou por isso, somente disse: "Tudo bem, Sophia. Fica tranquila. Essas coisas acontecem e eu até posso entender seu amigo. Lembra que nosso primeiro beijo foi assim? Você não tinha namorado, mas eu te peguei de surpresa, também. Não serei mais a pessoa que irá te beijar, mas sempre estarei aqui pra você. Encare sua realidade como sempre encarou, tenha coragem e aproveite as coisas e oportunidades que a vida te dá. Não se repreenda por algo que outra pessoa fez, lembre-se: você não controla o mundo, apenas vive nele."  Enquanto ele dizia meu olhos expulsaram todas as lágrimas que estavam concentradas dentro deles. Ele é um garoto incrível e qualquer garota que ficar ao seu lado será feliz, assim como eu fui. E sobre o beijo que Louis me deu... Foi difícil entender, mas conversamos sobre isso e encaramos de uma forma madura.

Flashback on –

Eu estava rindo na varanda enquanto Pedro e Emily se matavam dentro da piscina. Os pais dele estavam na área da churrasqueira e riam junto comigo. Meu celular tocou de repente e eu me levantei pra ir buscá-lo e até dancei a música que tocava, fazendo o Sr. e Sra. Wegmann darem gargalhadas de mim, o que eu imitei. Porém quando vi o nome "Louis" piscando na tela, meu sorriso de repente sumiu e parece que tudo ao meu redor também.

– Sophia, querida, está tudo bem? – Sra. W. gritou um pouco pra que eu pudesse ouvi-la, me fazendo retomar a atenção.

– Claro. Eu só preciso atender. Me dá licença? – pedi, erguendo o celular, o vendo tremer nas minhas mãos e ela somente assentiu.

Me distanciei um pouco deles e respirei fundo antes de deslizar o dedo pela tela e ouvir a voz de Louis do outro da linha. 1,2,3, contei em voz baixa e atendi.

– Sophia? – falou com a voz cansada.

– Oi, estou aqui. – respondi, engolindo um nó na garganta.

– Eu acabei de chegar no hotel e meu corpo pede cama. Está tudo bem por aí? – perguntou, rindo de leve, e eu respirei fundo.

– Tudo, tudo bem. – afirmei, tentando colocar isso na minha cabeça de uma vez.

– Não parece. – afirmou e riu novamente pelo nariz.

– Na verdade, eu ainda não entendi o que aconteceu ontem. O que foi aquilo ? – perguntei diretamente.

– O beijo. Eu sei que não devia, mas não consegui evitar. Eu não sei quando vou te ver de novo e não podia perder aquela chance, sabe, ter você pra mim por alguns segundos. – disse como um desabafo e meu estômago revirou.

– Chance? – questionei e ele riu sem humor.

– Eu não podia perder a chance de sentir que você era minha. Quando eu te vi no jardim da minha casa, foi a primeira coisa que eu quis fazer, mas tive que me repreender. Eu nunca esqueci nosso primeiro beijo e precisei de um segundo. – riu de leve..

– Precisou? Você passou tanto tempo fora, digo, namorou outras garotas. Eu não consigo entender. – falei sinceramente.

– Mas nenhuma delas é ou foi como você. Eu sei que quando fui embora, nós éramos apenas crianças, mas eu te amava e nunca te esqueci. – disparou contra mim e meus olhos quiseram liberar algumas lágrimas.

– Eu fui seu primeiro amor de infância? – perguntei.

– O primeiro, o melhor e o único. E, agora, o amor da minha juventude. – exclamou meio rindo e eu travei.

– O quê? O que... Louis... você... - tentei questionar, mas ele me interrompeu.

– Calma, não precisa se preocupar com isso. Eu sei que você tem o Ian e eu não quero atrapalhar. Eu só não podia perder minha última chance. – exclamou rindo.

– Louis, você promete que isso não vai abalar a gente? – pedi.

– Já pedi pra parar de pedir promessas, mas já que elas significam tanto pra você. Eu prometo! – prometeu e riu alto, me fazendo sorrir.

– Obrigada! – agradeci sorrindo como uma idiota, como se ele pudesse ver.

– Então...

– Louis. – chamei.

– Oi!

– Eu não sei o que pode acontecer e nem quando vou te ver, mas deixa as coisas como elas estão e se for pra acontecer, vai acontecer. – exclamei sorrindo e apertando o pano do meu shorts.

– Como quiser. Quando é pra acontecer, até os ventos conspiram a favor. – parafraseou e eu ri concordando.

Nossa conversa voltou ao normal e eu não estava me sentindo mais estranha em relação a ele. E, de algum jeito desconhecido, eu fiquei feliz por saber que ele alimenta algo por mim.

Flashback Off –

– SOPHIA! SOPHIA! – Emily gritou do outro lado da porta, me assustando.

– Oi, já vou. – gritei, dando um pulo da cama e indo até a porta, sendo atropelada por ela e Pedro ao abrir a mesma.

– Nossas cartas chegaram. Cara, chegaram. É agora ou nunca, meu Deus, eu vou desmaiar. – ela falou desesperada, se jogando na cama após jogar na minha cara um envelope.

– Onde você conseguiu isso? – perguntei séria, sentando na cama com Pedro.

– Sua mãe estava pegando ela na caixa de correios quando a gente chegou. Destino! – Pedro contou e eu inspirei todo o ar que pude e ri ao ver Emily se debatendo.

– Vamos abrir juntas! Agora. – ela disse e eu instantaneamente congelei.

– Não, não. Agora? Eu não tô preparada pra isso, de jeito nenhum. – falei já em pé, andando de um lado pro outro e Pedro me parou.

– Você sempre esteve preparada pra isso. Sempre.

– E se...

– Shiiii. Eles que vão perder. Coragem, é o seu sonho. - ele concluiu.

– Chega de drama, Sophia, abre logo. – Emily mandou dando de ombros e eu rolei os olhos.

– Juntas? – perguntei e me sentei de frente pra eles.

Contei de um até três e rasgamos os envelopes. Seguramos o papel de cor parda nas mãos e acenamos com a cabeça indicando que deveríamos ler.

"Temos o maior prazer de comunicar que sua carta de inscrição foi aceita pela University Of The Arts London – College Of The Communication London." – Lemos em uníssono e meus rosto já era tomado pelas lágrimas a cada palavra lida.

Completamente emocionante. Continuei estática no mesmo lugar, só chorando, e Emily corria e pulava como louca dentro do meu quarto. Pedro sorria, sorria como nunca antes. Ele deve está sentindo muito orgulho de nós duas. Os dois vieram até mim e me abraçaram, me fazendo rir e chorar ao mesmo tempo. Depois de muito gritarmos, chorarmos e sorrirmos, lembrei que havia uma pessoa que deveria está paranoica lá embaixo, querendo saber o resultado, mas que não viria até mim.

– MÃE? MÃE? CADÊ VOCÊ? MÃE? – gritei enquanto descia as escadas correndo, desesperada.

– Eu amo você, minha filha.  Sempre tive certeza que conseguiria. – a abracei com força e ela beijou meus cabelos freneticamente.

– Mãe, obrigada. Obrigada por tudo, eu não teria conseguido sem você. Eu te amo além do limite do impossível. – exclamei chorando e a vendo chorar.

– Ei, Em, vem me dar um abraço. Estou muito orgulhosa de você também, filha. – ela falou e logo as duas se abraçaram.

– Isso significa muito, Sra. M. – ela disse sorrindo.

– Escutem, meninos. Eu sempre soube que vocês iriam longe, nunca deixei de notar a dedicação e ambição nos olhos dos três. Meu orgulho está transbordando. – disse em um tom amoroso.

– Nós amamos você. – exclamamos em uníssono e ela sorriu.

Depois de retomarmos o fôlego e a sanidade, minha mãe preparou um lanche pra nós. Passamos o resto da tarde sorrindo como se nada no mundo pudesse nos deixar mal. Ficamos juntos, eu e Emily admirando o nosso "APROVADO" em letra enorme e vermelha no papel, imaginando como seria daqui há um tempo. Quando anoiteceu, eles foram embora e eu fiquei sozinha, já que minha mãe havia saído pra mais uma festa. Lembrei que deveria contar a Louis, que estava tão ansioso quanto eu. Mandei uma mensagem pra saber se ele estava ocupado.

Oi, tá ocupado? Ótimas notícias. Sophia X

Encarei o celular por alguns minutos e nada. Mais alguns minutos esperando e ele piscou, indicando a nova mensagem.

No momento sim, mas que novidade é essa? Louis X

É importante e grande demais pra ser contada por mensagem. Sophia X

Saio daqui em 4 horas, ensaio longo. Se importa em ficar acordada até lá? :( L.

Não, não vou conseguir dormir mesmo. Me liga pelo skype quando for pra casa. S.

Como quiser. L. Xx

Encarei a última mensagem e o nome dele lá sorrindo como uma idiota e me senti estranha. Enquanto espero as mensagens dele algumas borboletas resolvem sair das casinhas e voar dentro do meu estômago. Mas nada que eu deva me preocupar. Espantei isso da minha cabeça e fui na cozinha buscar algumas coisas pra comer enquanto o esperava. São 21h da noite e isso significa que ele vai me ligar 01h00. Tudo bem, minha alegria e euforia não me deixariam dormir mesmo. Busquei o notebook e comecei a assistir Cartas para Julieta e depois A Última Música, o que dava no total de quase quatro horas. Porém 01h00 chegou e nada dele. Meus olhos estavam inchados e vermelhos assim como a ponta do meu nariz. Quando eu vou aprender que não tenho emocional pra assistir esse filme da Miley? Uma droga pra mim. Enquanto pensava as minhas besteiras, apareceu notificação do skype e "Louis Tomlinson ligando...". Meu coração foi aqui, ali e quase saiu pelo nariz. Cliquei em atender e logo vi um Louis sorridente, mas com a expressão cansada.

– Hey, me desculpe te fazer esperar até essa hora. – disse assim que me viu.

– Tudo bem. Como andam as coisas com a banda? – perguntei,  deitando-me sobre o meu braço e funguei.

– Incríveis. Chegamos da Austrália há alguns dias e foi melhor do que esperávamos. – contou animado.

– Isso parece ter sido divertido. – eu ri e funguei.

– Sophia, você tava chorando? – ele perguntou preocupado.

– Hã? Ah, claro. Sim, não tenho emocional pra história que a Miley Cyrus vive em A ultima música. – expliquei rindo e ele riu também.

– E a novidade? Sua carta chegou? – perguntou  animado.

– Hummm... – ergui um sorriso enorme nos lábios.

– Chegou? Ah, meu Deus, você passou. Eu sabia. – falou, esfregando os cabelos e sorrindo tanto quanto eu.
– Sim, eu tô tão feliz. Meu corpo quase entrou em colapso quando eu li o "aprovado".

– Eu sabia, sempre confiei em você. Quando você vem? Quer dizer, você vem, não é? – perguntou receoso.

– Eu pensei muito, Lou, de verdade. Não recebi as outras cartas ainda e pensar em ficar longe da minha é horrível, mas eu decidi que vou, até porque é a mais perto de casa.

– Eu estarei aqui pra você.

– Eu sei, mas não o tempo todo. Sua banda fica maior a cada dia. – falei orgulhosa.

– Sim e isso é maravilhoso. Estaremos na mesma cidade, Tita, quando eu voltar, terei você aqui. Isso é uma boa coisa, não é?

– É. E a Emily vai também, nós duas fomos aceitas. – contei.

– Sua amiga ciumenta? Eu vou precisar de ajuda? – perguntou e eu gargalhei dessa vez.

– Se grudar demais em mim, com certeza. – brinquei.

– Eu tô muito, muito orgulhoso de você. – falou de um jeito totalmente meigo.

– Obrigada, Lou. Eu também tenho muito orgulho de você, do seu sucesso, da sua banda, enfim...

– Os garotos querem muito te conhecer. Tenho que fugir deles quando vou falar com você.

– Já estão muito amigos? Eles são legais, mesmo?

– Já são como meus irmãos, Tita, sério. Estamos juntos nessa e lembramos disso todos os dias. – exclamou feliz.

– Fico feliz.

– Hoje estive com eles no estúdio pra ensaiar. É incrível ver que eles estão tão comprometidos quanto eu.

– Legal, mas agora você precisa ir dormir e descansar. Sua vida anda bem agitada, suas fãs merecem um Louis novinho em folha mais tarde. – falei compreensiva e ele riu.

– Elas também são incríveis e sinistras. Não medem esforços pra nos ver. Mas eu realmente preciso dormir, já faz um tempo que não sei o que é isso. Parabéns, Sophia. – concluiu rindo.

– Obrigada e...  Boa noite, Lou! – assim que falei, desliguei.

Subi pro meu quarto e encarei minhas paredes, minhas coisas, minhas lembranças. Senti meu cheirinho e lembrei de tudo que passei ali. É difícil ter que deixar tudo aqui, mas existe um ótimo motivo pra isso. Estou indo pra realizar o meu sonho e eu não abro mão disso.

– Filha? – minha mãe chamou e me virei assustada.

– Não vou dormir tão cedo, você sabe. – respondi rindo.

– Eu sei disso. Só vim avisar que quando você acordar amanhã, se você dormir, sua passagem estará comprada. – me informou, me fazendo arregalar os olhos.

– O quê? – gritei sem querer.

– Quanto mais cedo você for, melhor. Suas aulas começam em menos de um mês e é melhor que você se adapte logo. 

– Eu vou sentir muita a sua falta. – engoli um nó na garganta e uma lágrima solitária escorreu.

– Eu também, meu amor. Mas é a sua vida, suas escolhas, seu sonho. Tudo vai ficar bem. Eu confio em você. – disse me acalentando, limpando minhas lágrimas.

– E quando eu vou?

– Eu encontrei os pais da Emily na festa que fiz e, não grita, vocês vão juntas. Trocaremos e-mail pela manhã acertando tudo. – explicou e eu a agarrei de um jeito nada delicado.

– Eu amo você, eu amo você, eu amo você.

– Eu também, agora deita e tenta dormir. Os próximos dias serão cheios de emoções e você não sabe lidar direito com elas. – mandou.

Só mais uns dias sendo a garota do interior. É hora de crescer.

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