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8 de abr. de 2014

Moments – Capítulo 3.


O sol nasceu, mas uma nuvem o cobria, deixando o céu nublado, o que combinou com o meu emocional. Hoje é o dia. Três dias se passaram e, sim, hoje Louis novamente irá me deixar aqui. Calculei o tempo que ainda tinha com ele e rapidamente mandei mensagem o convidando pra tomar café comigo.

Toma café comigo hoje? Sua última chance. Sophia X

Não perderei a oportunidade. Te busco em meia hora. Não se atrase. Lou X

Pensarei sobre estar pronta em meia hora. X

Não me faça esperar. E, ah, me leva pro aeroporto? Xx

Isso é um pedido?

Uma ordem. Vai se arrumar! X

Não respondi e provavelmente ele riu. Encarei meu reflexo por alguns segundos e logo me repreendi. Hoje o tempo estava meio fechado, então optei por algo mais coberto e aconchegante. Me apressei um pouco mais que o habitual e desci pra avisar minha mãe sobre minha saída. Ela ainda não sabe exatamente quem é Louis e como surgiu na minha vida de verdade, mas já tem um começo em mente.

– Meu amor, vou tomar café com o Louis. Se importa? – perguntei enquanto descia as escadas e recebia seu olhar.

– Se você prometer se cuidar, não. – exclamou com um sorriso cordial nos lábios.

– Mais um livro, mãe? – disse e apontei o mesmo, franzindo o nariz.

– É o que me distrai, filha. Leia depois, é um romance incrível. – recomendou e eu assenti, logo ouvindo uma buzina e sentindo meu celular vibrar.

– Preciso ir, amo você! – falei, beijando sua testa e correndo até a porta.

Saí meio desajeitada e já encontrei um sorriso escandalosamente lindo e delicado brincando nos lábios de Louis, perdendo até o equilíbrio ao vê-lo. Entrei em seu carro e o sorriso continuou em seu rosto, me deixando um tanto incomodada com aquilo. Qual é? Não consigo pensar em nada desse jeito.

– Bom dia, cantor! – brinquei, me debruçando pra dar um beijo em seu rosto.

– Bom dia, linda! – desejou, dando um beijo em meu rosto, que queimou de vergonha.

– Hum, acordou carinhoso, foi? – brinquei pra tentar escapar do constrangimento.

– Hum, não, apenas sincero. – retrucou me encarando.

– Certo! E pra onde nós vamos? – perguntei pra tentar parecer menos constrangida, o vendo me encarar.

– Surpresa! – exclamou com mistério na voz e eu ergui uma sobrancelha, assentindo em seguida.

– Que seja então! – respondi e aumentei a música que tocava na rádio, o fazendo rir.

O som da música invadia nossos ouvidos e eu dublava de um jeito engraçado, já que ele ria bastante, mas não ficava atrás nas palhaçadas. Paramos em um sinal vermelho, então ele virou-se pra mim e me fez uma proposta.

– Você quer brincar? – perguntou com um sorriso sapeca nos lábios.

– E que brincadeira seria essa? – perguntei em tom malicioso, imediatamente rindo.

– Eu pergunto sobre a sua vida e você sobre a minha, mas a resposta tem que ser  verdadeira. – explicou e eu ri, erguendo uma sobrancelha.

– Isso não seria verdade ou consequência? – resumi o que ele havia dito, o vendo fazer careta.

– Pode ser, mas sem a consequência. – respondeu, dando novamente partida no carro.

– Medo, Tomlinson? – falei em tom irônico e ele soltou uma gargalhada gostosa.

– Talvez, não sei o que anda passando na sua mente... ainda! – exclamou rindo, apertando um pouco mais o volante em suas mãos.

– Tudo bem! Eu começo. – falei.

– Primeira pergunta, vamos lá. – ele riu.

– Pra onde estamos indo? – perguntei e ouvi novamente sua gargalhada, involuntariamente sorrindo diante daquilo.

– Pra um lugar que eu acho que você vai gostar! – respondeu e eu franzi a testa, negando com a cabeça.

– Não foi exatamente isso que eu perguntei! – reclamei em tom bravo, mas risonho, o fazendo rir.

– Mas é somente o que vai saber, se contente! Minha vez agora. Quem é Ian? – disse e me olhou rapidamente, rindo.

No dia da festa do Pedro teve uma pequena confusão. Ian me encontrou com Louis nos fundos da casa e me ouviu dizer: "Ele é apenas um garoto, ué.", mas não foi realmente a melhor forma que eu já me expressei. Tivemos uma pequena discussão e ele repetiu mais uma vez que "Não somos namorados porque você não quer", em suas próprias palavras. Então apenas pediu que eu dissesse que estamos juntos. Enrijeci no banco pela pergunta e com certeza me mostrei desconfortável, mas tinha que responder.

– Eu e ele estamos juntos a algum tempo. –  falei.

– Tudo bem, há quanto tempo exatamente? – perguntou de novo, tomando minha vez na brincadeira.

– Opa, minha vez, lindo!  E namorada, você tem? – perguntei sem pensar e imediatamente me arrependi.

– Tinha... acabou! – respondeu rindo sem humor e eu sorri envergonhada.

– Sinto muito.

– Agora é a minha vez, responda a pergunta anterior. – falou e eu gargalhei.

– Quatro meses. – contei e fechei os olhos por vergonha logo abrindo novamente.

– Não é muito tempo.

– E ela é de onde? – minha voz saiu meio baixa, mas ele ouviu.

– Londres. – respondeu e fez meu coração parar por uns 5 segundos

– Provavelmente ela é linda. – supus e ele confirmou.

– E você gosta dele, são namorados? – perguntou alguns segundos depois.


– Não somos namorados nem nada, apenas amigos com alguns privilégios. Não sou boa com essas coisas, mas eu gosto dele sim. É o único que me quis por quem eu sou e não por status social... eu acho – expliquei e respondi duas perguntas de uma vez sem nem perceber.

– Percebi quando você foi falar com ele no dia da confusão. – falou meio indiferente e eu ri baixo, encarando meus pés.

– Mas então, por que vocês terminaram? – perguntei em tom indeciso e ele novamente riu sem humor.

– Olha minha testa, você não achou um pouco alta? – disse meio sem jeito, mas rindo de leve.

Ela traiu ele? Como se trai um garoto como ele? 

– Eu... Eu sinto muito, Lou. Não vou perguntar mais nada. – conclui envergonha e totalmente sem jeito, o vendo sorrir.

– Tudo bem, você não sabia!

– Mas senti como foi desconfortável pra você falar sobre isso, é melhor encerrar esse assunto.

– Tudo bem! Mas continuando, com quem foi seu primeiro beijo? – perguntou maliciosamente, alternando olhares entre mim e a rua e ria sem parar.

– Louis, eu não acredito... – comecei a falar completamente assustada, rindo de um jeito bem desconcertado.

– Claro que eu lembro, Sophia! Foi especial! – falou, rindo, e meu rosto corou.

– Perto do parquinho, debaixo da árvore... – comecei novamente, mas ele interrompeu.

– Ela era gigante e robusta, você a adorava. – continuou...

– Na tarde do seu último dia aqui... – continuei em tom baixo.

– Depois de prometermos nunca esquecer um do outro. – disse e sorriu delicadamente.

– E você disse que isso seria apenas nosso, uma ligação pra vida toda. – continuei e ele riu, me encarando.

– E você disse que talvez fosse o melhor jeito de me manter sempre por perto. - continuou...

– Nós éramos tão crianças, mas, relembrando agora, sabíamos tanto! – falei, encarando seus olhos e tremendo com a lembrança.

– Não achei que fosse lembrar disso. – contou com um sorriso torto nos lábios e eu ergui uma sobrancelha, sorrindo.

– Foi o melhor jeito de ter você sempre por perto. - repeti a frase que eu havia dito há oito anos atrás e ele sorriu.

– Fico feliz! Não teve um dia que eu não lembrei de você, Tita! – ele falou e algumas coisas dentro de mim se reviraram.

– Nós cumprimos a promessa. As lembranças são recíprocas. – falei por fim.

Enquanto lembrávamos disso, Louis já havia parado o carro, mas não me importei em olhar onde estávamos. As lembranças estavam cara a cara comigo e eu não acreditava que ele ainda lembrava do nosso primeiro beijo. Eu achei que isso fosse coisa minha, coisa de menina. Minhas pernas já não tinham mais equilíbrio e meu coração não sabia mais o compasso em que devia pulsar. Ele me traz uma sensação diferente, mas gostosa. Eu posso dizer que ele possui tudo o que eu sonho em um garoto, mas o que posso fazer com isso? NADA. Sophia, ele é apenas seu melhor amigo de infância, que agora retornou e você está somente feliz com essa novidade e novamente triste por vê-lo ir embora. E agora mais madura pra entender e assimilar a sua ausência. Talvez dessa vez eu supere mais rápido e consiga comer, ao contrário do que aconteceu oito anos atrás, ou que pelo menos consiga inventar desculpas melhores pra minha mãe sobre minha súbita falta de fome. Mas, realmente, o que eu tô falando, digo, pensando?

– Vem, vamos descer! – me chamou, quebrando o momento "olho no olho" que nós mantínhamos há uns 2 minutos.

– Ah, claro! E, a propósito, Lou, o que vamos comer? – retomei a consciência e falei, descendo do carro simultaneamente.

– Olha pra trás, Sophia, pra trás. – ele mandou e apontou, então quando obedeci, quase caí.

– U A U. – falei pausadamente, deixando a boca aberta, então ele empurrou meu queixo pra cima, a fechando, rindo.

– Imaginei que fosse gostar. Lembra que uma vez, no parque, eu disse que conhecia um lugar lindo e que um dia te levaria nele? Então... chegamos! – relembrou e eu sorri, lembrando daquilo.

– Isso é incrível. – falei completamente boba.

Eu não consigo descrever do modo real o que está aqui na minha frente. É tão... incrível. Uma pequena praia se escondia atrás de algumas rochas, mas ainda sim era vista de onde nós estávamos. Árvores robustas mantinham as sombras e água do mar bem clarinha ia e vinha até a areia. Eu havia visto uma pequena parte e já sabia o que esperar de lá.

– Faremos um piquenique matinal. – revelou e eu pulei em seu colo, o sufocando em um abraço.

– Obrigada por me trazer aqui. – falei em tom meigo e baixo próximo ao seu ouvido e suas mãos seguravam minha cintura.

– Eu te levarei pra conhecer lugares ainda mais incríveis, eu prometo! – disse ao pé do meu ouvido após ter puxado meu cabelo pra longe daquela área.

– Promessa é dívida e eu não me importo em cobrar. – sussurrei enquanto estava apoiada em seus ombros e vi o modo como ele se arrepiou.

– Não faça mais isso. – ele me soltou e foi rindo e esfregando a mão nos cabelos até o carro.

– Eu te ajudo com isso. – falei após alguns segundos de reflexão.

Caminhei lá e o ajudei, vendo algumas cestas provavelmente repletas de doces e salgados, coisa que ele adora e, não nego, eu também. Abri algumas das que peguei e constatei, doces e salgados.

– Vamos sentar aqui, é o meu lugar preferido. – me chamou, indicando com o dedo o local abaixo de uma árvore enorme e incrivelmente linda.

– Claro! Mas... então, Lou, teus pais vão ao aeroporto? – perguntei ao colocar as cestas no chão enquanto ele estendia um pano lá.

– Não, já me despedi deles. E, Sophia, você leva meu carro de volta pra casa? – pediu segurando meus braços e olhando fundo nos meus olhos.

– EU O QUÊ? – alterei um pouco o tom da voz, o que o fez rir.

– Por favor! Depois daqui nós vamos direto pro aeroporto. E aí você leva lá em casa quando voltar. – explicou e eu abri a boca em um "O".

– Isso é jogo sujo, você armou pra mim. – falei em tom brincalhão e ele soltou uma gargalhada.

– Ideias da minha mente criativa. Minha mãe adorou te conhecer, achei que ela fosse gostar de te rever. –  falou e me soltou, piscando sapeca.

– Você não presta, garoto. – eu gritei, rindo, e bati nas suas costas, sentando-me em seguida ao seu lado.

– Você me visita em Londres se eu ficar por muito tempo? – perguntou, tomando um pouco de suco.

– Eu não posso. O colégio não acabou ainda. – falei, franzindo o nariz e brincando com a barra de sua blusa.
– Quando vocês se formam? – perguntou.

– Em três meses. – respondi com um tom triste e doloroso.

– Não está feliz? – perguntou, procurando sustentar meu olhar.

– Sim, claro, mas eu gosto de lá. – expliquei, rindo de leve.

– E sobre a  faculdade, já sabe qual o curso? – alterou seu tom pra um mais alegre, me fazendo sorrir.
– Jornalismo. – afirmei convicta, encarando seus olhos brilhantes.

– Sabe, não sei se é destino, mas umas das melhores faculdades de Jornalismo fica em Londres! – ele riu e eu também.

– College Of The Communication London? – perguntei e ele confirmou com a cabeça.

– Sim, fica na University Of The Arts London. – falou e eu acenei positivamente.

– Pois é, já pesquisei sobre muitas. Mas sabe... É difícil deixar minha mãe. – contei, engolindo um nó que se formou na minha garganta.

– Você não vai deixá-la, só vai ficar um tempinho fora de casa. E, além do mais, ela pode ir te visitar. – falou em tom meigo.

– Eu sou muito apegada nela, Lou. Não sei o que fazer sem ela por perto. – disse respirando fundo pra evitar a vontade chorar, que vinha só de imaginar isso.

– Minha linda, todos precisamos aprender a viver sozinhos, lei da vida. Você é forte e vai conseguir. E ela vai ter muito orgulho. – continuou, passando a mão na minha cabeça.

– É melhor mudarmos de assunto, eu não quero chorar na sua frente. – falei em tom mais alto, o fazendo rir.

– Quando estivermos no aeroporto, você não conseguir segurar as lágrimas. – falou, me fazendo gargalhar.

– Não seja idiota, muito menos convencido. – ordenei, dando tapinhas em seu braço em meio as nossas gargalhadas.

Comemos e conversamos tranquilamente sobre diversos assuntos, tanto que nem parecia que em pouco tempo eu o levaria para o aeroporto e tudo aconteceria novamente. Ele iria, eu ficaria e ninguém nunca saberia do que fomos, somos ou poderíamos ser juntos. Ele brincou com os meus cabelos, me envergonhou e me deixou brava. Eu o irritei, bati nele e brinquei com seus cabelos, também. Tudo ainda nos últimos momentos que nos restavam juntos, até que meu celular vibrou indicando uma mensagem de Emily. Contei à ele que ela estava com ciúmes do nosso café da manhã.

– Ela é sempre tão ciumenta assim? – perguntou, franzindo o nariz.

– Já acostumei. - contei e ele negou levemente com a cabeça.

– É engraçado. – falou enquanto eu olhava o celular.

– Louis, Louis, Louis. – gritei assustada e com os olhos arregalados.

– Que foi? – virou-se calmamente pra mim e riu da minha cara de desespero.

– Seu voo sai em quarenta minutos, garoto. – gritei e minha voz saiu esganiçada. Levantei em um pulo, puxando a toalha que estava debaixo dele, sem perceber.

– Ei, mais cuidado. Não sou uma dessas cestas – reclamou e eu fiz uma careta envergonhada.

– Sinto muito, mas nós precisamos ir logo. – falei enquanto juntava tudo do chão.

– Tá, joga tudo aqui. Não tem mais nada mesmo. – disse e eu o fiz.

– Rápido!  – puxei as outras coisas e fui jogando dentro das cestas vazias.

– E, a propósito, se continuar comendo desse jeito você vai engordar. – brincou e eu ri nervosa.

– Cala essa boca e pega isso aqui logo! – mandei e joguei a cesta encima dele, que pegou e se virou pra ir pro carro.

– Você não vem, destruidora de colunas? – me chamou, passando as mãos pelas costas, me fazendo rir.

– Só um minuto. E... nunca mais me chame assim. – o respondi e continuei encarando a paisagem a minha frente.

Linda e inacreditável. Eu não vou esquecer essa paisagem nunca. E se ele não me contar o caminho, eu viro stalker, detetive ou o que for pra descobrir. Eu realmente preciso voltar aqui. Tem um clima confortável e com certeza vou conseguir pensar e organizar minhas ideias debaixo dessas árvores imensas, lindas e robustas.

– Eu te trago aqui de novo, juro, mas eu realmente preciso ir embora. – gritou risonho lá do carro e eu retomei a consciência, correndo até o mesmo.

– Tudo bem, já que quer tanto me abandonar de novo. – brinquei, fingindo mágoa, e fiz bico, o fazendo gargalhar.

– Não seja infantil, isso é golpe baixo. – exclamou e eu não pude conter a risada.

– Encare como quiser, mas eu vou sentir a sua falta. – falei sem pensar duas vezes e instantemente minhas bochechas queimaram e ele sorriu.

– Nesses dias em que estive com você, é a primeira vez que você é fofa, então... UAU! – disse em tom assustado e brincalhão.

– Ah, é? Agora você nem tem como acostumar com isso. Cancela o momento ternura, não gosto mesmo. – falei rapidamente e séria, mas com o canto dos lábios tremendo por querer rir.

– AWN, não sei dizer o quão engraçada você fica quando fala assim. – ele falou com voz de criança e eu revirei os olhos.

– Vamos logo, garoto! – mandei e bati em seu braço, e, em seguida, deu partida no carro.

Ele teve que acelerar um pouco mais do que eu fico confortável, mas era inevitável. Em pouco menos de 15 minutos chegamos ao aeroporto e corremos pra checar se estava tudo certo com o vôo. Eu peguei uma mala, mesmo que ele tenha insistido que não, e ele a outra.

– E o check-in? Internet? – perguntei, mordendo o lábio inferior por causa do nervosismo.

– Sim, melhor coisa que eles já fizeram pelos passageiros. – afirmou enquanto procurava com os olhos a sala de embarque e pareceu estar com dificuldade.

– Ali, Lou, ali. – apontei e ele riu envergonhado, dando dois tapas no topo da minha cabeça.

– Vem, me leva até lá! – segurou em meu braço que não puxava sua mala e sorriu, mas eu neguei.

– Não gosto de despedidas. – falei em tom baixo, engolindo o nó que se formava na minha garganta.

– Não é uma despedida, Tita, só vou ali rapidinho realizar um sonho. Depois eu volto, eu prometo! – disse agora segurando meu rosto em suas mãos, me forçando a encará-lo.

– Eu não fico confortável quando pessoas me deixam, ainda mais quando acabaram de voltar pra mim. – revelei com os olhos cheios d'água e ele roçou os dedos na minha bochecha.

– Eu entendo, mas eu peço que dessa vez você vá comigo até onde puder. – exclamou e eu entendi.

Ele se referia ao fato de ir com ele até a porta da sala de embarque, lugar de onde eu não poderia passar, então seria meu limite, o meu "até onde puder".

– Promete que será só dessa vez? – pedi, erguendo o olhar pra cima, evitando - ou não - que as lágrimas rolassem.

– Isso eu não posso prometer. E, por favor, pare de me pedir promessas, tá? Sou muito mais que isso, minha palavra não vale nada? – pediu em tom sério, mas carinhoso, e eu franzi o nariz ao ouvir o voo dele ser chamado, cujo número eu sabia.

– Eu só gosto de poder me segurar em alguma coisa, promessas pra mim são valiosas. Mas eu tento não pedir mais isso pra você. – falei.

Ele me puxou pelo braço e eu me permiti sentir essa dor angustiante por ele. Eu não faria desfeita quanto a isso, eu superarei essa palpitação estranha no meu peito e essa dor some daqui um tempo. Talvez não vá sumir, mas vai amenizar.

– Eu te ligo ou mando mensagem assim que chegar e todas as vezes em que sentir vontade, tá? Faça o mesmo, por favor. – disse enquanto novamente segurava meu rosto em suas mãos.

– Tudo bem, eu posso tentar! – exclamei.

– Eu vou esperar! Se cuida, viu? – disse e meu coração por dentro congelou.

Sim, hora de ele ir.

– O senhor vai entrar? Não demore mais que dois minutos, por favor. – um homem alto e forte falou.

– Você precisa ir. – eu disse, engolindo a dor pela garganta e forcei um sorriso.

– Você vai ficar bem? – perguntou e eu assenti, então ele me abraçou.

– Promete ficar bem? - perguntei à ele, e logo me repreendi, ouvindo sua risada próxima ao meu ouvido.

– Vou sentir sua falta. – exclamou ainda ao pé do meu ouvido, me deixando arrepiada.

– Eu também. Mas você realmente precisa ir. – falei chorando e novamente suas mãos seguraram meu rosto.

– Me desculpe! – pediu e eu o olhei sem entender.

– Pelo quê? – perguntei, o encarando completamente confusa.

– Por isso! – exclamou e me beijou, me deixando completamente assustada, mas anestesiada, incapaz de recusá-lo.

Partimos o beijo por falta de fôlego e, retomando a consciência, o olhei chocada, mas não brava. Ele apenas coçou a nuca, sorriu de canto e entrou na sala, me deixando sozinha com toda a confusão que estava se formando dentro de mim; completamente vulnerável e perplexa com as novas sensações e emoções que me invadiam nesse momento enquanto eu ainda estava parada enfrente a porta, tentando assimilar o acontecimento. Joguei minha bolsa no chão, me sentei de costas pra parede e chorei. Deixei que todas as lágrimas escorressem e ignorei o fato de sentir os olhares sobre mim, que estava com a cabeça entre os joelhos, chorando como uma criança que se perdeu da mãe. Eu só precisava me expressar de algum jeito. Só me achar no meio dessa súbita bagunça...

2 comentários:

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