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2 de abr. de 2014

Moments – Capítulo 2.




No capítulo anterior...
"– Você não está me reconhecendo mesmo? – perguntou aos risos, causando uma reviravolta dentro de mim.
– Eu não te conheço! – afirmei, incerta..."

– Sou eu, Tita, Louis. – revelou, tomando todo o meu equilibro diante do pequeno susto.

– O que? Do que você tá falando? Louis? Não... – revirei as palavras dentro da minha cabeça, não conseguindo montar uma frase digna da revelação.

Encarei aqueles olhos que agora estavam fixos aos meus, reconhecendo dentro de mim os mesmos. Sim, era Louis. Louis Tomlinson, meu melhor amigo de 8 anos atrás. Só ele me chamava de Tita, ninguém mais sabia desse apelido. Esse que ele mesmo me deu, dizendo que era bem mais legal de falar.

– Você continua a mesma, um pouco mais má educada, talvez, mas a mesma. Não vai me dar um abraço? – brincou, vindo até mim, me afundando em um abraço acalentador.

– Eu não posso acreditar. É você mesmo? – perguntei ainda assustada

– Sim, eu mesmo! Voltei, Tita. Aliás, nós voltamos. –  contou, referindo-se à ele e sua família.

– Eu não sei o que dizer ou pensar. – exclamei, realmente confusa com tudo.

– Não ficou feliz? – seu tom risonhou mudou juntamente a sua expressão.

– Não, imagina. Claro que sim! Só que é muito estranho e confuso. – expliquei, vendo seu corpo se aliviar.

– Eu sei, é muito louco pra mim também! – ele riu, me fazendo rir de leve, também.

– Já faz oito anos, Louis. Oito anos! – relembrei o tempo em que estivemos separados, rindo de leve junto com ele.

– Eu sei, mas parece ter sido ontem o dia em que eu te apelidei de Tita. – disse aos risos.

– Porque era bem mais legal de falar. – eu ri.

– Ainda é.

– E por onde você estava? Eu nem pude perguntar quando vocês foram embora. – fiz a pergunta que me atormenta a anos.

– Não muito longe. Nós fomos pra Londres. Lá é lindo, sabia? – contou e com certeza meu olhar se encheu de luxúria.

– Jura? Eu sou louca pra conhecer. É bem perto daqui, mas nunca fui. Tenho planos de ir lá em breve. – contei e ele abriu um largo sorriso.

– Sério? Quem sabe eu não posso ir com você? Serei teu guia. – brincou, me causando um estranho arrepio.

– Claro, será um prazer! – exclamei aos risos.

– Você continua linda, aliás, como sempre. – disse , fazendo minhas bochechas queimarem de vergonha.

– E você gentil como sempre. Mas, então, como soube que era eu, hoje? – perguntei, lembrando-me de mais uma curiosidade.

– Lembrei da empresa da sua mãe, pesquisei o sobrenome de vocês na internet e logo apareceu. Vi suas fotos no álbum da equipe. – revelou, me fazendo sorrir e dar dois tapinhas na testa.

– Ah, lógico. Como eu não pensei nisso? – brinquei, puxando a ponta do meu cabelo,  fazendo ele gargalhar de leve.

Conversamos por algum tempo com a mesma intimidade de oito anos atrás; como se nunca tivéssemos nos separado. Contei a ele as novidades da cidade e o que aconteceu por aqui enquanto esteve longe. E ele contou as belezas e encantos de Londres, tornando minha vontade de conhecê-la ainda maior. Jogamos conversa fora, ou melhor, engolimos nossas histórias até sermos interrompidos por minha mãe, me chamando pra ir embora.

– Eu preciso ir. Fico feliz que tenha voltado, de verdade! – exclamei ao abraçá-lo.

– Te vejo de novo, certo? – perguntou, recebendo meu aceno positivo de cabeça.

– Claro! Quando quiser! – afirmei e recebi um lindo sorriso dele.

– Que bom! – disse, e eu sorri, indo até a porta.

– Boa noite! – desejei, ainda na brecha da porta.

– Boa noite, Tita! – respondeu, me fazendo sorrir e ir embora.

Minha mãe já estava a minha espera, sorrindo mais do que eu que havia reencontrado meu melhor amigo de infância.

– Foi tudo um sucesso, filha! Obrigada por ajudar! – exclamou sorridente, me fazendo sorrir também e acariciar seu braço.

– Fico feliz! – a respondi com sinceridade, recebendo seu aceno positivo.

– Ah! Quem era aquele garoto com quem você estava conversando? – perguntou, fazendo meu coração ir a mil e a zero em milésimos.

– Eu explico outro dia, mãe. – eu falei mantendo o mistério, a vendo sorrir.

– Já acabou com o Ian, Soph? – perguntou, arqueando uma sobrancelha, me fazendo abrir a boca em um "O".

– Mãe, claro que não! – afirmei, dando um tapinha em seu braço, que riu.

Em meio ao nosso rápido diálogo chegamos em casa. Desci rapidamente e corri pro meu quarto, apenas me despedindo de minha mãe em dois segundos. Tomei um banho relaxante que me deixou organizar todas as coisas que hoje me foram ditas por Louis. Lembrei de mandar uma mensagem para Pedro e Emily, avisando que só iria aparecer amanhã.

"Hoje eu não tinha mais condições de ir. Mas, prometo, juro bem jurado que no almoço estarei aí. Feliz aniversário, Pê. Desculpe a desfeita. Amo vocês!!! <3"
...


O sol irradiante adentrou minha janela, causando uma enorme claridade em meu rosto, o que me despertou. Fitei por alguns minutos o relógio sobre o criado-mudo e tentei saber às horas, que, após tentativas de melhorar minha visão, vi ser quase meio-dia. Antes que eu pudesse me acostumar em estar acordada de novo, meu celular começou a gritar e tremer sobre o mesmo móvel.


Ligação On –

– Você não vem? – Pedro perguntou, fingindo um tom bravo, me lembrando do almoço dele.

– Claro! Estou quase pronta. – menti na cara dura, fingindo uma voz menos rouca.

– Sophia, eu tenho certeza que você não saiu nem da cama! – exclamou convicto.

– Tudo bem! Tudo bem! Eu já vou me arrumar. – me rendi, rindo.

– O almoço será servido dentro de uma hora. Vem logo! – enfatizou a última frase, me fazendo rir alto.


Ligação off –

Desci da cama e encarei meu quarto. Que preguiça sufocante! Busquei no meu armário um shorts, uma blusa qualquer e a primeira sandália de dedo que surgiu por ali. Entrei em um banho rápido e logo já estava de volta ao quarto, vestindo a roupa escolhida. Prendi meus cabelos em um rabo de cavalo e tratei de esconder as olheiras domináveis abaixo dos meus olhos. Calcei a sandália e encontrei com minha mãe em seu quarto.
– Bom dia, flor do dia! – exclamei ao entrar, me abaixando para beijar sua bochecha.

– Bom dia, meu amor! Já vai pra casa do Pedro? – perguntou enquanto eu me sentava ao seu lado, na cadeira da escrivaninha.

– Sim! – respondi.

– Vá no carro e não volte muito tarde. Diga à ele que desejei os parabéns. – ela sorriu.

- Te vejo logo! – a abracei e desci as escadas correndo.

Entrei na garagem e já fui logo ligando o carro. Escolhi minha playlist do dia e saí de casa ao som de David Guetta. Passei pela casa de Louis e diminui a velocidade, deixando o carro apenas descer a pequena ladeira sozinho e lentamente. Sorri involuntariamente ao vê-lo passar pela janela de seu quarto. Ele me encarou lá de cima, sorriu e acenou. Fiz o mesmo, acelerando o carro em seguida e sumindo de suas vistas. Não demorei a chegar na casa de Pedro, que ainda estava cheia de gente e com a música tão alta que possivelmente estava fazendo até meu cérebro tremer. Cumprimentei algumas pessoas que estavam no início de jardim e segui até o meio dele, procurando por Pedro ou Emily.

– Chegou quem faltava! – ele disse ao se aproximar.

– Feliz aniversário, de novo. Você é o melhor irmão do mundo e eu te amo além de qualquer coisa. – falei ao abraçá-lo com força.

– Obrigada. Eu também amo você, linda. – ele deu um beijou em meu rosto.

– Oi, Em! – ela chegou em seguida e eu a abracei, também.

– Ela não dormiu ainda. – Pedro justificou a cara dela.

– Eu já imaginava! Tudo bem?

– Eu espero que sim. – ela riu.

Caminhei mais um pouco, cumprimentando quem falava comigo. Algumas pessoas eram do nosso colégio e outras eu apenas via em algumas festas da cidade, já que tão pequena, era normal encontrar as mesmas pessoas em todas elas.

– Bom dia, eu acho! – falei ao me sentar com Pedro, Emily e mais uma turma.

– Cara, você devia ter vindo ontem. Essa foi a melhor festa de todos. – William disse.

– Sophia, você fez muita falta. – Emily gargalhou com eles.

– Eu tive outro compromisso, mas quero fotos e vídeos. – falei, rindo.

– Você vai chorar de rir. – Pedro disse.

Pedi licença à eles e disse que iria até o quarto de Pedro. Meus pensamentos haviam sido invadidos por Louis e nem participar da conversa eu consegui mais. De relance, vi um garoto bem parecido com ele chegando, mas garanti que não seria. Pedro e ele não foram e não são amigos. Era impossível. Falei com o Sr. e Sra. Wegmann e subi direto pro quarto. Me joguei na cama e continuei a tentar expulsá-lo da minha cabeça, mas, ao mesmo tempo, eu me divertia com isso. Era engraçado e muito viciante.

 – Tita? – pude reconhecer a voz de Lou, sim, e sobressaltei da cama.

Eu ri da minha expressão refletida no espelho. Ele me chamou de Tita. O único que me chama assim e eu confesso que gosto de ouvir isso novamente.

– Oi! Tudo bem? – respondi e perguntei em um tom mais alto.

– Hum, você não vai abrir a porta? Eu vou mesmo ter que ficar com a testa encostada nela? – perguntou e soltou uma risada gostosa.

– Sinto muito! – eu ri ao abri-la.

– Obrigada, eu acho! – agradeceu com um sorriso cordial nos lábios.

– Então, desde quando conhece o Pedro? – perguntei, sentando-me na cama.

– Amigos em comum. – esclareceu.

– Mas você acabou de chegar. Quer dizer... é, não é?! – perguntei confusa.

– Na verdade, não. Já tem uns 10 dias.

– 10 dias? E... mas... você tava preso em casa?

– Eu não, mas soube que alguém esteve por conta das provas finais. – ele apontou pra mim, rindo.

– Talvez tenha acontecido, mas por que não me procurou antes?

– Preferi esperar o momento certo e fazer de um jeito legal! – riu.

– Hum, me deixando com raiva? Belo jeito! – brinquei.

– Eu achei que você ainda era educada. Nunca imaginei que seu humor estava tão ácido, mas eu me diverti! – ele riu.

Sempre me fazendo rir com suas idiotices. É, parece que ele não mudou nada.

– E, aí? O que vai fazer por aqui? – perguntei.

– Mais nada, se tudo der certo.

– Como assim? – questionei confusa.

– Eu volto pra Londres em quatro dias! – explicou, me causando um sentimento estranho.

– Ir pra lá de novo? É? Parece legal. – falei.

Londres, de novo? Eu acabei de ganhar de volta o meu melhor amigo de infância, mal tive tempo de conversar com ele e o destino já precisa levá-lo pra longe mais uma vez. Ele e suas peças. Azar de quem cria fantasias e momentos, que acabam sendo destruídos tempos depois. Será que eu nunca vou ter a chance de viver com ele uma amizade normal, vida? – pensei comigo mesma.

– Eu fui selecionado pro X-Factor. Eu ainda nem acredito. – ele deu um grande sorriso.

– Isso é... muito legal! – exclamei,  tentando sorrir de verdade.

– É, é sim.

– Então, vamos almoçar? – o chamei e ele prontamente segurou meu pulso.

– Louis... – o chamei, na tentativa de fazê-lo parar de me arrastar.

– Nunca imaginei que eu fosse fazer isso um dia. – brincou.

– A surpresa é toda minha! – retruquei.

Descemos as escadas entre algumas gargalhadas e de cara recebemos alguns olhares tão estranhos que quase me cortaram. Sorri confusa, tentando entender o motivo daquilo. Passei por todos e encontrei com Emily e Pedro, já perto da mesa onde estavam servindo o almoço.

– O que aconteceu pra todo mundo me olhar desse jeito? – perguntei, apontando algumas pessoas.

– A Juliana, do primeiro ano, viu ele entrar no quarto do Pedro logo depois que você. – Emily explicou.

"Quem é você?" foi a próxima fala dela. Com certeza minha melhor amiga esqueceu a simpatia em casa.

– Como vocês se conhecem? – Pedro questionou, causando um olhar atrapalhado entre mim e Louis.

– Isso é... – Louis começou, mas eu o interrompi.

– História pra outro dia. Eu realmente preciso comer agora.

Não era exatamente a hora de contar. Não que queiramos guardar novamente segredo, mas eu prefiro ter a certeza que todos estarão me entendendo quando eu contar e, hoje, eles realmente não entenderiam nada, só fingiriam. E não há nada que eu odeie mais. Sentei na mesa entre Emily e Louis, com Pedro logo na frente. Conversamos sobre algumas coisas aleatórias, mas minha mente borbulhava com: "Eu volto pra Londres em quatro dias". Não por nada, mas é revelação por cima de revelação. Não me sinto confortável com esse tipo de situação. Ter que deixar alguém ir embora é algo com a qual eu nunca aprendi a lidar.

– Podemos conversar? – Louis pediu ao pé do meu ouvido e eu apenas assenti.

Caminhei até a parte de trás da casa com ele, que carinhosamente brincava com a ponta do meu cabelo enquanto isso. Sentei de frente ao jardim que lá tinha e ele ao meu lado.

– Tita, eu adorei ter voltado e encontrado você. Senti como se minha infância tivesse voltado e eu gosto dessa sensação, não quero deixá-la ir. Eu vou voltar pra Londres e, dependendo do que acontecer no programa, eu fico por bastante tempo. – ele segurou minhas mãos.

– Ah...

– Cala a boca! Continuando... Eu não quero deixar essa nossa amizade e história pra trás, de novo. Isso me machucou bastante, mesmo que eu fosse uma criança e pudesse facilmente encontrar outra com quem brincar e me divertir. Mas com você foi diferente e ainda é, sabe, é especial. E eu realmente quero que a gente ainda possa continuar isso aqui. Quero poder te ligar caso algo ruim aconteça e quero, também, receber suas ligações. Eu quero continuar nossa amizade. – concluiu com um longo suspiro.

– Eu nem sei como isso vai ser possível, mas é óbvio que ficarei do seu lado. Mesmo de longe, vou te ajudar no que precisar. Somos amigos e esse é um dos meus deveres. – afirmei.

– Eu fico muito feliz com isso, você não tem noção do quanto! Eu quero ter novas histórias pra lembrar.

– Eu também! Mas, então, Tomlinson, desde quando você canta? – perguntei rindo.

– Desde que nos separamos. – ele abriu um sorriso no canto dos lábios.

– É sério, Lou!

– E eu disse que era brincadeira? Quando eu cheguei em Londres, aprendi a tocar violão. E cantar começou a ser natural com o passar do tempo. A música foi um consolo pra mim. Eu cantava e automaticamente lembrava de você. Então fazia isso sempre que sentia saudade, meio que todos os dias. Me apaixonei por esse mundo e se tornou um sonho ser um grande cantor.

– Fico feliz de ser sua musa inspiradora, então! – brinquei, tentando tirar a tensão que pairou no ar.

– Boba! – ele disse e apertou meu nariz.

– Só temos quatro dias?

– Só! - confirmou.

– Que pena não termos muito tempo juntos depois de tantos anos separados. – lamentei e algo dentro de mim deu uma bela revirada.

Apertei delicadamente a barriga, disfarçando o quanto pude o fato estranho que aconteceu dentro de mim. Percebi que era algo relacionado à mim e ele.

– Sim! Mas eu falei sério. Quero manter contato sempre, todos os dias, se possível. – ele disse.

Não sei exatamente o porque de estar tão triste por ele ir embora mais uma vez, já que sou acostumada com a sua ausência. Mas... eu gosto de saber que ele está por perto. Eu gostava da companhia dele há oito anos atrás e agora não é diferente, realmente considerei a ideia de tê-lo novamente como melhor amigo, porque eu gosto disso. Eu gosto de nós dois juntos. Ficamos ali por mais alguns minutos e logo nos juntamos à todos novamente e passei o resto da tarde/noite entre conversas e risadas. Mergulhei completamente nesse dia que já se tornou inesquecível. E fugiu da minha mente os acontecimentos do dias seguintes. Dos próximos quatro dias...

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